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maio de 2006 Crise permanente da frente popular
Lula contra os trabalhadoresforjar um partido operário revolucionário Servidores públicos deflagram greve contra a “reforma” do sistema de previdência ordenado pelo Fundo Monetário Mundial e imposto pelo governo Lula, julho de 2003. (Foto: AP) Os oportunistas querem outro PT, outra CUT e outra frente popular
Na
América Latina propaga-se
uma onda de decepção.
Após a “década
perdida” dos anos 80 devido à “bomba da dívida externa” e
outros dez anos de
regimes que aplicavam ao pé da letra as receitas do Banco
Mundial e do Fundo
Monetário Internacional, aprofundando a fome e a
miséria em todo o continente,
surgiram no início do século XXI em vários
países, governos ditos de
“centro-esquerda”. Foram instalados após campanhas
eleitorais populistas, que censuravam o “neo-liberalismo”. Em
primeiro lugar
entre eles encontra-se a frente popular presidida por Luiz
Inácio Lula da Silva. Porém, estes
regimes logo se revelaram leais servidores
de seus amos imperialistas em Washington, e seguiam as mesmas
políticas
econômicas que seus antecessores. Então no ano passado,
começando com a
derrubada de Lucio Gutiérrez no
Equador
(ver matéria, página 24) em abril, seguida pela queda de
Carlos Mesa na Bolívia
em junho (ver página 26), estalaram protestos convulsivos que
geravam
expectativas de mudanças radicais. Mas falta o essencial: a direção
revolucionária. Entretanto, na
escala mundial
o imperialismo estadonidense encontra-se em uma situação
cada vez mais difícil.
Após a blitzkrieg (guerra relâmpago) de 2003, seu
exército de ocupação
colonial se afunda nas areias
movediças
do Iraque, diante de uma insurgência arraigada e um conflito
comunalista
(atiçado pelos invasores) entre muçulmanos xiitas e
sunitas. No interior dos
EUA, a dirigência civil do Pentágono e a
Casa Branca, enfrentam-se com uma oposição
crescente entre a população
estadonidense à sua aventura bélica no
Oriente Médio e agora com uma rebelião dos generais
obrigados a implementar sua
estratégia malograda. Ao mesmo
tempo, as
conseqüências do furacão Katrina, quando as
autoridades abandonaram à sua sorte
na inundação, mais de
100.000 pessoas,
quase todas negras e pobres, revelou graficamente não somente a
incapacidade da
administração Bush, mas também os planos da
burguesia de impôr medidas racistas
de estado policial e empreender uma “limpeza étnica” nos guetos
dos Estados
Unidos. Agora a mobilização de milhões de
imigrantes, predominantemente
latino-americanos, nas ruas de quase todas as cidades estadonidenses
têm
exposto outro ponto fraco do império. Tratados pelos
imperialistas
de Washington e Nova Iorque como seu “pátio traseiro”, os
países
latino-americanos sempre estão profundamente afetados pelos
ventos do norte. Se
a efervescência dos anos 60, com golpes de estado e guerras de
guerrilhas em
qualquer parte da América do Sul, foi em grande medida o
resultado pelo atolamento
dos EUA em pântano no Vietnã, o atual
afundamento das forças
estadonidense no Afeganistão e Iraque enfraquece sua garra sobre
o hemisfério
ocidental. O Lula com seu amo
imperial. A
condição de seus aliados e
competidores imperialistas não é melhor. Todo o
continente europeu padece taxas
de crecimento baixissimos, com uma população envelhecendo
e tensões crescentes
em torno da imigração. A rebelião contra a
repressão policial dos jovens dos
bairros de imigrantes da periferia das grandes cidades francesas em
outubro-novembro de 2005, e a recente revolta da juventude e da classe
operária
contra o “contrato de primeiro emprego” que mobilizou
milhões de manifestantes nas ruas e convulsionou o
país (ver
página 3), indicam uma intensificação da luta de
classes que requer uma direção
bolchevique para avançar rumo à revolução
operária necessaria para acabar com o
desemprego massivo. No Brasil, o
governo de Lula
foi sacudido pelo escândalo do “mensalão”, a
revelação de corrupção em grande
escala no Partido dos Trabalhadores. A imprensa da direita,
começando com a
Rede Globo, queria cortar o solo debaixo dos pés do presidente e
encontrou o instrumento
num desconhecido deputado que confessou ter-se subornado. Isto socavava
a
pretensão do PT de representar “a ética na
política”. De repente os políticos
mais corruptos do planeta sobressaiam-se na indignação
sobre as corruptelas da
legenda do presidente. Lhes seguiam, à esquerda reformista de
oposição,
buscando tirar benefício da situação. Mais o
realmente escandaloso neste
assunto, é o fato de que um governo de um partido “dos
trabalhadores” subornava
políticos da direita para votar leis anti-operárias,
não mereceu a atenção dos
fabricantes da opinião pública burguesa. E mediante uma
“democratização” da
compra de votos, subindo minimamente o salário mínimo e
estendendo os subsídios
miseráveis do programa Bolsa Família a algumas
milhões de pessoas, os
operadores políticos de Lula lograram sair da crise. O
Palácio do Planalto
procurava blindar o governo Lula mediante a extensão da
coalizão além dos
sócios iniciais, o PT e o Partido Liberal do “rei das camisetas”
e patrão da
Igreja Universal do Reino de Deus, José Alencar, e a
instalação de homens de
confiança dos banqueiros imperialistas nos postos chaves,
Henrique Meirelles
(antigo presidente do Banco de Boston) no Banco Central e Antônio
Palocci como
ministro de finanças. O governo sobreviveu a queda de
José Dirceu e Jose
Genoino, mas quando a crise da corrupção atingiu
recentemente Palocci a
blindagem de Lula caiu. Então os grandes capitalistas que se
beneficiaram do
governo da frente popular (os bancos Itaú e Bradesco teve lucros
recordes, as
cinco maiores empresas do país gozavam de uma taxa de
rentabilidade de 49 por
cento sobre o patrimônio em 2004) empreendrem uma
operação de salvação de seu
homen no Palácio do Planalto. Hoje Lula
aparece claramente
como o testa-de-ferro dos banqueiros paulistas, dos operadores da
Bovespa, dos
capitães da indústria, da alta fianança de
Wall Street e dos amos do
imperialismo estadonidense em Washington. Setores da classe
operária ainda
poderiam votar pelo antigo metalúrgico, sem entusiasmo, para
bloqueiar o retorno
da direita. Embora seu apoio é sumamente fraco e poderia ser
rompido. Mas longe
de montar uma oposição revolucionária, ao
governo burguês de Lula, a esquerda
“opositora” dá uma versão
ligeiramente
à esquerda do PT atual. “Governo
PT/PL: bombeiro do FMI”
Ao assumir a
presidência, Luiz
Inácio Lula da Silva foi festejado como primeiro presidente que
representava o
povo. Os ônibus chegaram de todo o país, a multidão
de 150.000 dançou na
Esplanada dos Ministérios em Brasília, muitos saltaram no
espelho d’água do
Congresso. Na intelectualidade de esquerda também imperou a
euforia. Michel
Löwy, profesor carioca e parisiano, escreve um artigo no primeiro
número de Margem
Esquerda (maio de 2003) titulado “A dança das estrelas, ou
um outro Brasil
é possível”. Alí disse: “Pela
primeira vez na história do Brasil e das Américas um
operário é eleito
presidente da República. E, se acrescentarmos que é
um operário combativo e
dirigente de um partido que se reclama do socialismo, talvez seja a
primeira
vez na história universal.... “Esta
vitória é a revanche histórico dos explorados e
dos oprimidos, depois de vinte
anos de ditadura militar e outros dezessete de ‘Nova República’
neoliberal. Ou
melhor, fazendo bem as contas, depois de quatrocentos anos de
dominação
oligárquica, nos quadros do capitalismo colonial/dependente. “Daí a alegria popular, a
dança das estrelas, a esperança. Imensa
esperança popular numa mudança radical, num novo rumo,
numa ruptura com as
políticas do passado.... A esperança de que, finalmente,
pela primeira vez, um
governo não seja o instrumento dos privilegiados, dos
exploradores, dos
proprietários, dos corruptos, dos millonários.” Também
na esquerda formalmente
fora da frente popular
propagava-se a expectativa de uma onda de
lutas desatada pelo triunfo de Lula. E todos, mesmo os que criticaram a
coalizão com o direitista Alencar e se abstiveram de votar pelo
candidato do
PT/PL, queriam se identificar com o “fenômeno Lula”. A Liga
Quarta-Internacionalista
do Brasil tomou uma posição única ao chamar por
“Nem um voto a nenhum candidato
da aliança de classes” e se opôr por princípio ao
frentepopulismo. No título de
nosso boletim de 25 de setembro de 2002 chamamos pela
“Oposição proletária à
frente popular! Pela revolução socialista internacional!”
A manchete de nosso
jornal após a posse de Lula, “Governo PT/PL: Bombeiro do FMI” (Vanguarda
Operária No. 7, janeiro-fevereiro de 2003), causou grande
alvoroço no Fórum
Social Mundial em Porto Alegre. Porém, logo vinham as provas da
certeza de
nossas teses. Na realidade, as provas já
estavam bem antes. Em primeiro lugar, a coalizão com setores da
burguesia não era
nada de novo no PT. Nas eleições de 1989, o
Partido dos Trabalhadores formou a
primeira Frente Brasil Popular com
figuras burguesas de segundo
escalão como o vice de Lula,
João Paulo
Bisol. Desde que foram a direção municipal de Volta
Redonda do PT, os
fundadores da LQB se opunham ao voto à fórmula
Lula-Bisol, e logo foram
expulsos do partido. Em 1994 e 1998 o PT formou novamente
alianças com setores
subalternos da burguesia, o que Leon Trotsky nomeou
, referindo-se à Frente
Popular na Espanha dos anos 30, “a sombra da burguesía”. A
independência do
proletariado da burguesia é o princípio fundamental de
toda política marxista,
e toda coalizão com setores capitalistas constitui um crime
contra os
explorados. Na Guerra Civil Espnahola o governo da Frente Popular
reprimiu os
trabalhadores de Barcelona e assim abriu a porta à
vitória das hostes de Franco.
Também na França antes e
depois da II
Guerra Mundial, na Italia em 1945, na Indonésia em 1965 e no
Chile no começo
dos anos 70, a frente popular leva ao desastre os trabalhadores. Disse
Trotsky: “A
história moderna das sociedades burguesas está infestada
de frentes populars de
toda espécie, ou seja, das mais diversas
combinações políticas aptas para
enganar os trabalhadores. A experiência espanhola não
é senão uma ligação
trágica nesta cadeia de crimes e de traições.” –Leon
Trotsky, Lição de Espanha, última
advertência (dezembro de 1937) O compromisso
de Lula com as
políticas econômicas do imperialismo já foi
explicitado em sua “Carta ao povo
brasileiro” de junho de 2002, onde ele rendeu juramento
de manter um
“equilibrio fiscal consistente” e o “superávit primário”
ao mesmo tempo que
criticou o governo de Fernando Henrique Cardoso de
“populismo cambial”; e na carta que ele firmou junto com os
demais candidatos presidenciais submetendo-se aos condicionamentos
exigidos
pelo FMI para o “empréstimo preventivo” de US$30 bilhões
negociado por FHC,
cujo propósito era atar as mãos do candidato do PT. O submetimento
aos ditados da
alta finança imperialista e de seus
sócios menores no país foi
evidente
também na atuação da prefeitura de Porto Alegre
(RS), em mãos da esquerda petista, onde o famoso “orçamento
participativo” manteve o
congelamento dos salários dos servidores municipais e restringiu
os gastos
sociais, mas pagou a dívida aos banqueiros. Deste maneira o PT
participou
plenamente na ofensiva contra as conquistas sociais e sindicais por
parte de
todos os governantes capitalistas depois de
contra-revolução que destrui o
estado operário degenerado da União Soviética e
reestabeleceu o capitalismo na
Europa do Leste. Ao
contrário do que alega a
quase totalidade da esquerda brasileira, os imperialistas que se
imaginavam
amos de uma “nova ordem mundial” não se asustaram com a
eleição da frente
popular no Brasil em 2002. Como escrevemos na época, era
evidente que Lula (com
Alencar) “vai presidir um regime burguês que governará o
país não em interesse
do ‘povo’ senão pelo lucro da Bovespa e Wall Street”, que
atrás da máscara de
programas assistencialistas como “Fome Zero”, “vai implementar as
políticas de
fome do Fundo Monetário Internacional”. Seguimos: “A tarefa
que os donos do Brasil têm conferido em Lula é de
conseguir que as massas
trabalhadoras engulam as ‘reformas’ anti-operárias que seus
antecessores
direitistas não alcançaram impor. “O Lula
foi selecionado como mandatário do país desta vez, em sua
quarta campanha
presidencial, principalmente devido à crise econômica
generalizada que abrange
a maior parte dos países de América Latina, à
‘moderação’ de seu programa e ao
fato de que os traalhadores que votaram por ele serão firmemente
encadeados a
seus inimigos de classe. Como nas campanhas anteriores, o PT formou uma
coalizão de colaboração de classes tipo ‘frente
popular’ como garantia de suas
‘boas intenções’ frente ao capital.” –Vanguarda
Operária No. 9 Como anotou um
analista
econômico paulista, o grande capital buscava uma vitória
de Lula, e bem pronto,
para evitar o estouro da “bomba” das tubulências
econômicas: “É por isso,
também, que tanto Fernando Henrique Cardoso quanto o FMI torcem
para que a
eleição seja decidida já no primeiro turno. De
preferência com a vitória do
mais popular dos candidatos”, ou seja, Luiz Inácio Lula da Silva
(José Martins,
“Esperando Mister Lula”, Crítica Semanal da Economía,
setembro de 2002,
citado por Osvaldo Coggiola, Governo Lula: da esperança
à realidade
[Xamã VM Editora, 2004]). O historiador
do trotskismo
latino-americano e catedrático na Universidade de São
Paulo Coggiola faz
remarcar: “A
ascenção do governo Lula-PT foi vista, nesse quadro
histórico político, com
esperanças por todos os setores populares, mas também com
beneplácito pelos
representantes do governo e do establishment dos Estados
Unidos. O novo
governo da principal nação latino-americana estruturou-se
claramente como um
governo de frente popular, com um programa capitalista, e com
importantes
representantes da burguesia financeira no seu interior, como uma
manobra
política de colaboração de classes para criar um
fator de contenção da
emergência do movimento operário e camponês da
América Latina.” Logo acrescenta Coggiola: “Negando
as evidências, a esquerda assegurou que a vitória de Lula
daria ânimo a todo o
povo brasileiro e geraria um processo de ascensão do movimento
de massas....
Parte da imprensa e a esquerda recorreram a um lugar-comum quando
qualificaram
os 39 milhões de votos obtidos pelo PT no primeiro turno como um
acontecimento
histórico. Tratava-se, na realidade, do aborto de um
acontecimento histórico,
pois com o PT também chegou ao governo uma fração
reacionária da burguesía
brasileira....” Correto. Só que seus
companheiros da corrente
de Jorge Altamira (do Partido Obrero na Argentina) no Partido Causa
Operária se
contavam entre aqueles que apregoavam então um ascensão
de lutas de massas com
a chegada de Lula ao governo. Os
serviços que prestava Lula
pelo imperialismo começaram ainda antes da posse, em dezembro de
2002, quando
ele enviou um emissásrio a Caracas por pressionar a Hugo
Chávez que cede ao
locaute deflagrado pelos patrões que poucos meses antes apoiaram
um golpe de
estado por afastar-lhe do poder. Logo, em maio 2003, quando o
exército
estadonidense viu-se surpreendido por uma insurgência no Iraque e
precisava das
tropas que enviou a Haiti para seqüestrar
o presidente Aristide, o Lula ofereceu
enviar tropas
brasileiras como mercenários para manter a
ocupação colonial da primeira
república negra de América. Agora que correntes
centristas pedem a retirada das
tropas do Haiti, a Liga Quarta-Internacionalista tem lutado nos
sindicatos por
mobilizar a classe operária a ajudar seus irmãos e
irmãs de classe a expulsar a
força expedicionária
brasileira. Em
vésperas do primeiro turno
das eleições brasileiras, o Economist (05/10/02)
de Londres dava
instruções sobre as tarefas de um futuro governo Lula.
Sublinhou em particular
a importança de “cortar os entitlements [os direitos
adquiridos] dos
mais ricos e concentrar as despesas do estado nos pobres.... No
entanto, o PT
se opunha aos esforços do Sr. Cardoso de fazer isto, por
exemplo, de cortar as
pensões dos servidores. Muitos dos militantes do partido de Lula
vêm dos
sindicatos de servidores e das universidades públicas.” O Lula
comentou num
discurso à Associação
Comercial de São
Paulo em março de 2003: “Por que eu dizia na campanha que
somente eu poderia
fazer a reforma?... Era porque eu sabia que a reforma terá que
enfrentar uma
base muito organizada, e uma grande parte dela votou em mim” (citado
por
Coggiola, Governo Lula). Assim, Lula se propôs a fazer o
que FHC não
consiguiu. O objetivo da
reforma do
sistema de previdência social não foi, como se pretendeu,
sanear as finanças
públicas e arrumar uma alegada falta de R$20 bilhões na
Previdência mas de
passar ao controle dos bancos os R$70 bilhões que seriam
“contribuídos” pelos
trabalhadores de suas rendas com a privatização. Acabaria
com a aposentadoria
integral, e transferiria bilhões da fazenda pública aos
bancos. Variantes do
mesmo programa já foram introduzidos na Chile sob a ditadura de
Pinochet, e no
México onde financiou o resgate dos bancos privatizados que se
quebraram após a
crise financeira de dezembro de 1994. Foi facilitado pelo fato de que
os
sindicatos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) não
se opunham a este saque
do estado. Isto se devia em parte à presença de 11
ex-dirigentes da CUT como
ministros, e de outros 66 ex-sindicalistas cutistas em altos postos do
novo
governo. Mais escandaloso ainda, a CUT mesma formou um fundo de
pensões para
que ela (o seus dirigentes) pudessem beneficiarem-se
da privatização na mesma
maneira que os bancos o faziam! O presidente Lula com
sua “blindagem”, o ministro
da fazenda, Antonio Palocci, num seminário com banqueiros,
investidores e empresários em Nova Iorque, junho de 2004. Então o
governo Lula pôs mãos
à obra. A PEC 40/3 que incorporava a reforma
previdenciária foi votada a todo
vapor. Os oito deputados petistas que se recusaram votar ao favor de
este
brutal ataque contra os direitos dos trabalahadores foram suspensos da
bancada
e logo quatro deles foram expulsos do PT. O 8 de julho de 2003, os
servidores
públicos federais deflagraram uma greve nacional. A eles se
juntaram os
sem-terra e sem-teto. Até 50.000 trabalhadores marcharam em
Brasília. Foram
atacados pela polícia com gás lacrimogênico e
espancados, inclusive por
Policiais Militares dentro do Congresso. A greve durou
um mês inteiro e foi acompanhada por ocupações
de terra,
mas terminou em uma derrota. No campo, a
fala do PT de
reforma agrária tem dado resultado nulo. A estrutura da
propiedade rural, uma
das mais desiguais do mundo, não mudou um pingo: dos 600
milhões de hectares de
terras cultiváveis, os grandes latifundiários, que
são menos de 1 por cento dos
proprietários, detêm 285 milhões de hectáres, 46%, a maioria delas improdutivas. Por outro
lado
há quase 5 milhões de
famílias camponesas sem terra. Um plano
nacional de reforma
agrária elaborado por Plínio de Arruda Sampaio (diretor
de Correio da Cidania,
agora do PSOL) em outubro de 2003 previu até um milhão de
assentados durante o
mandato de Lula. Mais modesto, o Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem-Terra
(MST) pediu ao governo Lula em janeiro de 2003 o assentamento de
400.000
famílias pela reforma agrária. A meta foi acertada pelo
ministro de reforma
agrária, Miguel Rossetto (da corrente pseudotrotskista
Democracia Socialista do
PT), e o presidente mesmo se comprometeu cumprir com esta meta ao
receber uma
delegação do MST em maio do ano passado. No entanto, a
realidade é
outra: nos primeiros tres anos do governo Lula somente receberam terra
do
governo 127.000 famílias, e delas só 27.000 foram
assentadas no marco da
reforma agrária, bem menos que no governo anterior de FHC. Ao
contrário, no ano
2003 foram despejados de suas terras quase 31.000 famílias. E
umas 170.000 famílias
dos sem-terra ainda estão acampadas na beira das estradas ou em
fazendas
ocupadas (cifras de Brasil de Fato, 04/13/2005). O fracasso da
reforma agrária
sob o governo supostamente de esquerda apoiado pelo MST não
é casual. É na
linha direta da sua opção para favorecer o crescimento do
agro-negócio
com o fim de aumentar as exportações, manter o
superávit primário de 4,5 por
cento no orçamento federal e saldar a dívida externa. Ao
mesmo tempo, os
fazendeiros aumentaram a violência contra os sem-terra, fundando
verdadeiros
exércitos privados de jagunços. Dirigentes do MST como
José Rainha e sua mulher
Diolinda de Souza e muitos outros militantes da
organização sofreram a prisão.
E dez anos logo da chacina de Eldorodo dos Carajás (PA), onde
foram assassinados
19 trabalhadores sem-terra, 144 soldados e oficiais que participavam na
matança
foram absolvidos, somente dois foram
condenados e ninguém esta preso hoje. Em meio da
crise do mensalão
do ano passado, um boletim de MST Informa (9 de agosto de
2005)
constatou: “O povo brasileiro elegeu o governo Lula para fazer
mudanças.... Não
contamos mais com o mesmo governo que elegemos em 2002. Não
temos um governo de
esquerda, nem de centro-esquerda.... a direita controla a
política econômica.
Demos adeus ao governo do PT e seus compromissos históricos.”
Porém, que são as
conclusões políticas desta constatação? O
MST declara: “O governo Lula pode
encontrar no povo um aliado para combater os inimigos. Mas ele precisa
mostrar
de que lado está.... Essa escolha se faz por intermédio
de mudanças claras na
atual política econômica e social.” É a
linha da “esquerda”
desiludida no PT e da CUT, que somente pedem uma “mudança” na
política
econômica do governo. Esta posição foi reiterada
pelo dirigente do MST, Pedro
Stédile, em uma entrevista onde antecipa um ano de
manifestações “para que se
produza um processo de pressão por mudanças na
política econômica” do governo”
(Prensa de Frente [Argentina], 11 de abril). “Temos entrado em
um largo
período de acumulação de forças”, conclui.
Assim, depois de um quarto de século
de mobilizações, Stédile condena os sem-terra a
mais um “largo período” de
espera, aguardando o dia de sua libertação. A crise do
“mensalão”: Lula abre caminho à vingança da direita
A primeira
consequência do
desgaste do PT como correia de transmissão pelo governo de Lula
foi a expulsão
dos parlamentares que votaram contra a “reforma” previdenciária
e a formação do
“novo partido” dos ex-petistas em junho de 2004. Chefiado pela senadora
Heloísa
Helena (AL), o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) queria “resgatar
as
principais bandeiras do PT antes de chegar ao governo”. O PSOL reflete
assim à
reivindicação a retornar ao “PT das origens”, palavra de
ordem tambén de
diversas correntes que ainda permanecem dentro do partido de governo.
Na
prática, buscam criar um “PT bis” com todos os vícios
social-democratas que
padeceu o partido mesmo antes de entrar no governo (ver “Não
precisamos de um
“novo partido” social-democrata dos lulistas desiludidos!” Vanguarda
Operária No. 8, janeiro-fevereiro de 2005). O PSOL
é um partido eleitoral
por excelência, onde a fala da candidata “carismática” e
dos parlamentares
determina a política do partido. Durante muito tempo sua
atividade principal
foi coletar as 438.000 assinaturas necessárias para registrar
sua candidatura
presidencial. O PSOL não caracteriza o governo como frente
popular, e não por
casualidade: ele mesmo quer formar uma mini frente popular com
elementos
“progressistas” da igreja e setores “trabalhistas” do PDT. À
frente popular de
Lula corresponde a frentinha popular de Heloísa. Contudo, o
governo passou a
crise das expulsões do PT com uma perda de algumas centenas de
quadros intermediários,
intelectuais e burocratas sindicais, particularmente servidores públicos. Procedeu, então,
à próxima crise
da frente popular: o escândalo da corrupção do PT,
o partido que pretendia
moralizar a “coisa pública” e introduzir a “ética” no
cambalacho constante que
é a política burguesa. Segundo a fábula narrada
nos jornais, tudo começou com a
descoberta em maio de 2005 de uma modesta propina de R$3.000 recibida
por um
diretor dos correios... Lula com sua “eminência parda” José Dirceu. Quando o
deputado carioca
Roberto Jefferson, ex-presidente do PTB (Partido Trabalhista
Brasileiro), foi
confrontado sobre o caso, e não foi defendido por seu
chefão, José Dirceu,
ministro da casa civil de Lula, Jefferson decide desembuchar toda (ou
boa
parte) da história. Revela que o governo estava comprando o
apoio de deputados
e de partidos da oposição (burguesa) com somas
milionárias subtraídas da
fazenda pública e das grandes empresas. Os dinheiros, R$30.000
por deputado,
foram transferidos em malas. O tesoureiro
do PT se
“defendeu” admitindo que houve movimentações de dinheiro
e empréstimos, mas
insistiu que estes eram fundos “não contabilizados” para as
“caixas dois”
(finanças secretas) das campanhas eleitorais do PT, como faziam
todos os
partidos. Toda a
mídia burguesa e os
politiqueiros capitalistas reagiaram com horror fingido. Esquecem
convenientemente que o governo de FHC comprou votos em assuntos
importantes
(reeleição, previdenciária). O papel da Rede Globo
na eleição de Fernando
Collor de Mello em 1989, foi tão notório que levou ao
impeachment do mesmo.
Neste caso o presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, chefe da
oposição no
Congresso, “sabia”, porque ele mesmo recebeu estes dinheiros e porque
seu
partido utilizou o mesmo “homen das malas”, o executivo
publicitário Marcos
Valério, para financiar-se desde anos atrás. A
inovação do governo de Lula
foi de converter os “presentes” em subsídio mensal, para “alugar
os partidos da
base aliada” no Congresso, como dizia Jefferson. Isto era produto
direto da
falta de uma maioria parlamentar do governo, e foi parte do
esforço por
estender a frente popular para incluir elementos direitistas
notórios como
Antônio Carlos Magalhães, Orestes Quércia e Paulo
Maluf, dinossauros
sobreviventes da ditadura militar, todos eles objetos de
acusações e CPIs de
corrupção (que logo foram cassadas ao chegar a um acordo
com a liderança do
PT). A mensalão correspondeu ao frentão popular.
A
corrupção é constante
na política burguesa. É a graxa
que faz funcionar a engrenagem da maquinaria do estado capitalista para
que o
governo de turno pode servir como conselho executivo da classe
dominante,
integrando os interesses das diferentes frações da mesma.
Ela molesta
particularmente à pequena burguesia “decente” e reformistas
social-democratas
porque revela a suja realida de- trás da mitologia da
“neutralidade” do estado,
dando provas concretas de como este estado defende os intereses do
capital,
não de “todos.” Eles reagiam
como o inspetor
de polícia francês no filme Casablanca que em uma
cena famosa comenta:
“Estou chocado. Chocado que este tipo de coisas [jogos de azar] tenha
acontecido no bar de Rick”, seguido logo por, “Detenha os suspeitos de
sempre”. Aos revolucionários a
corrupção na política não choca, porque
sabemos que é uma parte íntegra do
sistema capitalista que combatemos em todos seus aspectos. Nós
denunciariamos
todo financiamento capitalista de um partido operário,
ilícito ou lícito segundo
as leis burguesas, e também o financiamento “público” que
não é senão um
mecanismo para controlar os que recipientes dos fundos. A
corrupção na política não é
um “pecado” pessoal mas um fenômeno social. Assume
proporções grandes em
períodos de tensões entre os vários clãs e
camarilhas da burguesia, ou quando
chega ao governo um partido operário reformista que carece dos
vultuosos fundos
próprios que teria um partido burguês grande. A realidade
é que nenhum partido
baseado nos trabalhadores nos países semicoloniais pode
financiar com as cotas de seus militantes
os gastos enormes
de uma exitosa campanha eleitoral com a custosa propaganda televisiva e
shows.
Um partido eleitoral, como tem sido o PT desde décadas,
será financiado de uma
forma ou outra pelos diversos capitalistas ou pelo estado capitalista. E não
somente “Lula sabia”.
Todos sabiam, e bem antes da revelação de Jefferson. O
Plínio Arruda Sampaio
escreveu num artigo aparecido em Brasil de Fato (05/01/05): “E
sobre
este plano onde se encontra, sem dúvida nenhuma, o pior
resultado do governo de
Lula em dois anos. A conduta política do governo es somiso
integralmente aos
esquemas tradicionais da corrompida elite brasileira: as
conivências, os
arranjos, as alianças ilegítimas, obscuros financiamentos
das campanhas
eleitorais.”* A
corrupção é constante
nos escândalos políticos burgueses
e o tema predileto das forças direitistas, porque permite
mobilizar a ira da
pequena burguesia enfurecida sem exceder os limites da política
capitalista. Na
França nos anos 30, por exemplo, os fascistas e monarquistas
serviam-se do affaire Stavisky** e o descontentamento sobre a
corrompida
“democracia” da III
República (onde todos os jornais e políticos eram
comprados) para organizar um
movimento a favor do bonapartismo, um “governo forte” – regime de tipo
militar-policial. Isto levou à jornada de 6 de fevereiro de
1934, quando
algumas centenas de Cavaleiros do Rei, Juventudes Patrióticas,
ligas de direita
(a Cruz de Fogo, Solidariedade Francesa) e grupos fascistas impuseram
um
governo direitista (de Doumergue). Frente
à ameaça, os partidos
Socialista e Comunista, unificavam suas forças para se mobilizar
numa grande
frente única operária uma
semana mais
tarde. Trotsky escreveu: “É
precisamente essa desilusão da pequena burguesia, sua
impaciência, seu
desespero, que o fascismo explora. Seus agitadores estigmatizam e
maldizem a
democracia parlamentar, que respalda arrivistas e ‘staviskratas’ mas
nada
concede aos pequenos trabalhadores. Esses damagogos brandem o punho em
direção
aos banqueiros, grandes comerciantes, capitalistas.... A pequena
burguesia não
rejeitará a demagogia do fascismo, a não ser que tenha
fé em outro caminho. O
outro caminho é o da revolução proletária.” –Leon
Trotsky, Aonde vai França (outubro de 1934) Então,
como reagiu a esquerda
brasileira frente ao escândalo do mensalão? Organizou uma
resposta que apontava
à revolução proletária? De nenhuma maneira.
As pincipais organizações de
esquerda, inclusive aquelas que se identificam com o trotskismo,
repetiram como
papagaios a fala da direita, somente acrescentaram algumas palavras de
ordem
“socialistas” abstratas, e sobretudo tentaram organizar
o descontentamento da pequena burguesia
ofendida.
Evidentemente queriam repetir o movimento “Fora Collor” dos anos 90. A senadora
Heloísa Helena do
PSOL se posicionou como a maior impulsionadora da Comissão
Parlamentar de
Inquérito (CPI) dos correios. Recentemente, em uma
polêmica com o PSOL, o
Partido Socialista dos Trabalhadores (PSTU), seguidores do falecido
pseudotrotskista argentino Nahuel Moreno, critica aqueles que dizem,
“Bastaria
ganhar as eleições e ter ‘ética na
política’, acabando com a corrupção, para
mudar.” Porém, o quê fazia o mesmo PSTU no momento da
ebulição do escândalo
sobre o mensalão? Ele fez toda
uma campanha em torno à afirmação de que “Lula
sabia” e logo, segundo um comunicado
da imprensa do PSTU: “O PSTU entregou nesta quinta, dia 4, às
16h30, ao
presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), o
pedido para que a
CPI investigue Lula.” O PSTU apoiou
a CPI. Isto é,
fez apelo ao Congresso dos corruptos, esta covil de ladrões,
quase todos dos
quais tinham sua “caixa dois” e manejam fundos secretos recebidos de
fontes
capitalistas. A CPI foi feita para limpar a cara da política
burguesa, fazendo
cair algum bode expiatório, com preferência um par de
pastores luteranos
inofensivos. Pedir que o Congresso faça julgamento sobre o
assunto do
“mensalão” é colaboração de classes e mais
especificamente fazer o jogo das
direitas. Não
somente isto significa
pedir aos senadores do PFL, PSDB e outros reacionários que
sentenciam a Lula, o
traidor do movimento operário; em suas
mobilizações o PSTU fazia causa comum
com setores burgueses (inclusive da ultradireita). Assim, no ato do dia
18 de
agosto do ano passado que convocou a Conlutas
(Cooerdenação Nacional de Lutas),
dirigida pelo PSTU, falaram do carro de som os deputados de partidos
capitalistas João Fontes (do PDT) e Augusto de Carvalho (do
PPS). Também esteve
presente o deputado Enéas Carneiro do ultra-direitista PRONA. O PSTU parece
estar consciente
do significado de sua política. Em
uma
reunião do Conlutas na noite
anterior
à manifestação do dia 18 de agosto, ele lançou uma nova
palavra de ordem: “Fora todos”. No dia
seguinte, segundo o relato de Opinião Socialista (19 de
agosto de 2005)
os manifestantes gritavam “fora Lula, fora Congresso, PT, PSDB, PFL...”
(mais
não do PDT, PPS...). No II encontro nacional da Conlutas na
tarde do dia 18, o
PSTU argumentou a favor de sua nova orientação.
“Não podemos jogar a decisão
para este Congresso corrupto”, disse uma diretora do Sindsef-SP e
militante do
PSTU. Porém, foi exatamente isto que faziam estes
pseudotrotskistas com seu
pedido à CPI dos Correios que investigavam Lula.
A politica
rastreira da (não tão) extrema esquerda
A crise do
mensalão não
acabou. A conclusão da CPI dos correios está para chegar.
Mas os esquerdistas
empiricistas que no ano passado julgaram que o governo estava “contra
as
cordas” agora opinam que Lula poderia ganhar a reeleição. No entanto, a crise permanente da frente popular segue. A
sucessão de rachas, rupturas de parlamentares e escândalos
é o resultado do
fato de que, para a burguesia, colocar um governo de
colaboração de classes
cuja base fundamental de apoio se encontra nos trabalhadores é
uma medida de
emergência. “As ‘frentes populares’ de um lado
e o fascismo de outro,” dizia Trotsky no Programa
de Transição
(1938), “são os últimos recursos políticos do
imperialismo na luta contra a
revolução proletária.” Ele segue: “É por
isso que a impiedosa critica da teoria e
da prática da ‘Frente Popular’ é
a primeira condição para luta revolucionária
contra o fascismo.” PSTU:
Embora,
é
precisamente esta “critica impiedosa” do frentepopulismo que tem
evitado as
principais organizações que reclamam-se do trotskismo no
Brasil. Praticamente
toda a “extrema esquerda” brasileira capitulou na campanha eleitoral de
2002
ante a popularidade de Lula, seja votando por ele diretamente, ou seja
ao
expressar um apoio indireto ou simpatia. O mais flagrante foi o PSTU
que,
após apresentar
José Maria Almeida como candidato
presidencial próprio no primeiro turno, pronunciou-se pelo voto
Lula no segundo
e decisivo turno. Mesmo admitindo que “não acredita que um
possível governo
Lula irá melhorar a vida do povo”, escreveram em um boletim: “Como os
trabalhadores acreditam em Lula e, sobretudo, querem a derrota
eleitoral de
Serra, o PSTU se somará à classe trabalhadora e
ajudará a chamar o voto em Lula
e a elegê-lo.” Com este seguidismo medular,
ajudaram a
profundar as ilusões no binômio Lula- Alencar. O PSTU,
assumindo aquele
compromisso, tem responsabilidade pelo governo que resultou eleito. O PSTU sabia. Chamou
pelo voto por Lula (e seu vice, o capitalista Alencar), a sabendas de
que não romperiam com o FMI, em outubro de 2002. Quatro anos
mais tarde, o
PSTU, havendo-se “somado” às ilusões dos trabalhadores em
Lula, agora quer
acompanhar-lhes e organizar a desilusão. Pensavam mobilizar as
massas ao mais
baixo nível possível, contra a corrupção do
“mensalão”. Porém, quando os
expertos em mercadotécnica eleitoral do Planalto contra-atacaram
elevando o salário
mínimo de fome a uns miseráveis R$350 e estendendo o
programa asistencialista
“Bolsa Família” a 10 milhões de pessoas, as cifras
eleitorais do presidente
subiram novamente nas pesquisas. Foi então que o PSTU
lançou a palavra de ordem
de “unir a esquerda” em uma “frente classista e socialista”. Na
realidade, e
uma tentativa de organizar uma frente dos lulistas desiludidos. Mas a
desilusão não constitui
um programa, é uma fuga, uma interiorização de
derrota, um escape. E a nova
campanha do PSTU serve precisamente como uma válvula de escape
para canalizar o
descontentamento gerado pela política antioperária do
governo que eles ajudaram
a eleger. Na prática consiste em
suplicar ao PSOL que lhe conceda algumas migalhas da mesa parlamentar
em
troca de seu apoio extraparlamentar nos
sindicatos e na rua. Oferecem ser os melhores construtores da campanha
de
Heloísa Helena em troca de alguns deputados federais e sobretudo
estaduias.
Somente os companheiros de Heloísa não querem.
Estão nomeando seus próprios candidatos
a todos os níveis, buscando se aliar não com o PSTU mas
com o PDT e outros
setores burgueses e pequeno burgueses. O PSTU briga
com o PSOL,
insiste que a frente eleitoral não tem que ser eleitoreira, que
“não temos por
que repetir o discurso da ‘ética na política’,
tradicional do PT” no lugar de
ser “um ponto de apoio para as lutas diretas dos trabalhadores” (Opinão
Socialista, 13 de abril). Mas não foi isto o que fazia o
PSTU em agosto
passado, fazendo bloco parlamentar com as mesmas forças
burguesas reacionárias
e corruptas as quais hoje seguem manobrando com o PSOL? O PSTU opina
que “a
participação é importante – e a eleição
de parlamentares”,
mas só a serviço das lutas. Porém, quando, no
lugar de aceitar “Zé” Maria do
PSTU como vice de Helena, o PSOL nomea César Benjamin de suas
próprias
fileiras, o PSTU declara “A frente ameaçada” (Opinião
Socialista, 26 de
abril). Então, quem seria eleitoreiro? PCO: O Partido Causa
Operária (PCO), que
nas eleições de 1989, 1994 e 1998 chamou a votar pelo
“candidato operário”
Lula, recusou votar por Lula no segundo turno das
eleições presidenciais de
2002, ainda que opinou que haveria um auge de lutas devido à
“tendências
revolucionárias das massas” que votaram nele. Agora critica a
frente que
pretende construir o PSTU. Um artigo do dirigente e ex- candidato
presidencial
do PCO, Rui Costa Pimenta, “Nem frente, nem de esquerda, nem classista,
nem
socialista” (Causa Operária online, 25 de abril), observa
que a
hipotética frente não propõe um governo
operário e nem sequer um “governo dos
trabalhadores”, mas somente critica “a democracia dos ricos”. O autor fez
algumas críticas
organizativas da maneira da imposição de Heloísa
Helena como candidata
presidencial, um pouco rídiculo, sendo que o propósito
mesmo da “frente” é de
aproveitar da popularidade criada pela imprensa burguesa pela figura da
senadora alagoana. Mas chegamos ao núcleo da lamúria jeremiada do PCO quando lemos que “A ‘frente
de esquerda’ e,
ainda por cima, ‘classista’ exclui logo na formulação do
PSTU o convite ao...
Partido da Causa Operária”. É o lamento do
excluído. Para o
dirigente do PCO, o
problema da “frente” imaginária do PSTU, que só
servirá para disfarçar seu
alinhamento detrás da campanha eleitoral do PSOL, é que
não segue a “concepção
frentista defendida pelos revolucionários marxistas”. E
o quê seria esta
“concepção frentista marxista”? Segundo Costa Pimenta,
esta concepção consiste
em ter “acordo entre partidos em torno de candidaturas, de um programa
e de uma
tática eleitoral”. Mas para os autênticos trotskistas, a
frente única é uma
táctica episódica que se utiliza para somar forças
para a ação comum. No
entanto, as coalizões eleitorais entre grupos e partidos de
esquerda nada têm a
ver com a unidade na ação contra o inimigo de classe – em
uma greve ou na
defesa contra ataques fascistas, por exemplo. Servem ao
contrário para
confundir as bandeiras em um bloco de propaganda, baseado na pesquisa
do menor
denominador comum. Como escreveu Trotsky a respeito: “Mas é
precisamente no âmbito da propaganda onde não se permite
um bloco. A propaganda
deve basear-se em princípios claros e um programa definido.
Marchar
separadamente, golpear juntos. Um bloco só serve para as
ações práticas de
masas. Os arranjos negociados por cima sem base nos princípios
somente
produzirão a confusão.” “A concepção de
nomear um candidato presidencial da frente única
operária é profundamente errada.” –León
Trotsky, E Agora? Questões vitais para o proletariado
alemão (janeiro de
1932) A
“concepção frentista” do PCO
não origina no programa marxista e trotskista. Nasce da
prática do pseudotrotskismo
argentino, onde o ex conselheiro de Rui Costa Pimenta, Jorge Altamira,
e o
falecido mentor do PSTU, Nahuel Moreno, lutavam durante anos em torno a
quem
seria o licitante com o melhor proposta de frente eleitoral. Se Moreno
propunha
uma “frente antiimperialista”, Altamira contestaria com uma “frente
antiimperialista socialista”; se os morenistas introduziram uma “frente
dos
trabalhadores” no mercado, Altamira reagiria lançando a “frente
operária
revolucionária”, etc. Embora, a causa do proletariado não avançará por semelhante
concorrência tipo
Coca-Cola vs. Pepsi-Cola, nem com a unidade eleitoral dos oportunistas.
Isto é
ainda mais o caso no Brasil, onde todos os “pseudos” querem recriar a
“PT das
origens”. Precisa-se, ao contrário, uma luta encarniçada
para forjar um partido
operário revolucionário sobre a base programática
leninista-trotskista. LER-QI: Um pequeno grupo que oscila ao
redor do PSTU é a Liga Estratégia Revolucionária
Quarta-Internacionalista
(LER-QI), ligada ao Partido de Trabajadores por el Socialismo (PTS) de
Argentina e sua organização internacional, a
Fração Trotskista. Em termos
gerais, pode-se dizer que a LER critica o PSTU por
causa de seu programa de pressionar para que o PT (ou mais
recentemente o PSOL) lute, enquanto a LER-QI pede que o PSTU lute. Sua
retórica
repete as concepções morenistas do PSTU, falando
até o cansaço da necessidade
da luta “contra a democracia dos ricos”. São tão
rasteiras as propostas da
LER-QI que chega ao ponto de criticar o PSTU por um “giro ultra” quando
este
partido adoutou temporariamente a palavra de ordem de “Fora todos”.
Isto
recorda os “grupos ultra esquerdistas que pululam pelo país” diz
a LER-QI tão
prudentemente. A LER-QI quer
construir “um
polo antiburocrático e antigovernista nacional” como
fração dentro de Conlutas.
Preconiza um “Partido Operário Independente dirigido pelos
trabalhadores a
partir dos seus sindicatos, como alternativa de massas à
falência do PT”. Todos
os elementos programáticos apresentados pela LER-QI para seu
hipotético “polo
antiburocrático” e “partido operário independente”
são de caráter puramente democrático.
Não sómente em suas propostas na Conlutas, a LER-QI
apresenta tudo num marco
“democrático”. Os soviets, por exemplo, descrevem como a base de
um “Estado
assentado na democracia das massas”. Escondem assim o caráter de
clase, proletário,do
poder soviético e da Revolução de Outrubro, que
estabeleceu um regime assentado
na democracia operária, não simplesmente “das
massas” indefinidas. A palavra de
ordem principal
da LER-QI durante a crise do mensalão e na atualidade (como
também no passado e
em quase qualquer outra parte) é pela “Assembléia
Constituinte Livre e
Soberana”, uma meta que não excede os limites da democracia
burguesa. A mesma
reivindicação foi promovida por Coggiola
(“Corrupción, crisis y alternative
obrera”, Rebelión, 06/08/05). Quando em Bolívia o
MAS (Movimento al
Socialismo) de Evo Morales chamou por uma assembléia
constituinte, a LOR-CI
(organização afiliada à FT) pede uma
assembléia constituinte revolucionária e
uma assembléia “popular”. A LER-QI e
seus companheiros
da FT e do PTS argentino criticam Nahuel
Moreno por sua conclusão, baseada na
experiência da China, Vietnã
e Cuba, de que “a revolução pode prescindir dos soviets e
também de um partido
inspirado no bolchevismo”. Admite que este abandono de elementos
fundamentais
do programa trotskista leva o PSTU a uma política de “pressionar
setores
reformistas do movimento operário”. Mas deixa sem mencionar o
fato que sua
própria monomania pela reivindicação da
assembléia constituinte é
uma herança direta de Moreno. Enquanto ele
apregoava a “revolução democrática” é uma
etapa de “revoluções de fevereiro” na
América Latina, nós trotskistas da LQI lutamos por novas
revoluções
(proletárias) de outubro. Os centristas
neo-morenistas
da LER-QI/PTS/FT manejam o velho
esquema menchevique (adotado logo pelos estalinistas e renegados do
trotskismo como
Moreno) de uma revolução por etapas, na qual a inicial
etapa “democrática”
nunca e completada pela “socialista” posterior, porque com alta
freqüencia
intervém um massacre dos revolucionários por seus
ex-aliados “democráticos”. O
programa democratizante desta corrente lhe condena a uma
existência dependente,
de “companheiros de rota” de forças reformistas maiores
(como o PT, PSOL o
PSTU no Brasil) e pequeno-burguesas (o MAS na Bolívia), como
Moreno foi um
satélite do peronismo burguês na Argentina. Não
surpreende, então, que a
LER-QI sofra uma hemorragia de membros que vão em
direção ao PSOL. É uma
conclusão lógica de seu programa: se o objetivo é
pressionar às forças a sua
direita e obligar-lhes a lutar, melhor fazer isto desde dentro das
fileiras do
oportunismo maior. LBI: Outro grupo
formalmente centrista é
a Liga Bolchevique Internacionalista (LBI) que critica ao PSTU por ser
frentepopulista e de claudicação diante do governo de
frente popular de Lula.
Mas a LBI não se opõe ao frentepopulismo por
princípio. Como oposicionistas
dentro da Causa Operária, não se opunham ao voto pela
frente popular de Lula
apregoada pelo PCO no ano 1994; para eles, esta aliança de
colaboraçcão de
classes foi meramente uma questão tática. Nas
eleições presidenciais de
2002, devido ao caráter ostensivamente direitista da
aliança PT/PL, a LBI
chamou pelo voto nulo. Mas às vésperas do primerio turno,
ela lançou uma
advertência, num comunicado datado de 4 de outubro de 2002,
contra “a maior
fraude da história para garantia da realização do
segundo turno”. Convocou “todo
o ativismo classista ... a realizarmos a denúncia vigorosa da
fraude em curso
e, caso isso se concretize, como tudo indica, a deflagrar uma ampla
mobilização
nacional, que culmine em uma paralisação ativa contra a
fraude eleitoral”. Aparentando
uma posição
independente, a LBI deu um apoio extra-parlamentar a frente
popular
Lula-Alencar, chamando a lutar na rua contra a fraude antes mesmo que
se
perpetrou e insistindo, junto com representantes de Wall Street e FHC,
que Lula
devia ser eleito já no primeiro turno. Durante a
crise do mensalão do
ano passado, a LBI criticou o PSTU por apoiar a CPI introduzida pelo
PSDB.
Chamou a atenção à presença de partidos
burgueses na direção que organizou a
manifestção de 18 de agosto em Brasília.
Porém, o quê fez a LBI frente a esta
frente (não tão) popular alternativa? Após notar
que o PDT e e PPS conseguiram
falar do carro de som, informam: “A LBI fez uso da palavra no carro de
som da
marcha da Conlutas, sendo a única corrente política a
denunciar a presença dos
partidos burgueses (PPS e PDT) na manifestação” (Jornal
Luta Operária,
setembro de 2005). Quer dizer, a LBI formava parte, a parte
“crítica” si se
quer, mas parte integrante não obstante, desta frente popular
anti-Lula. A realidade
é que estes
pseudobolcheviques querem participar eles também na
agitação “anti-corrupção”,
desencadeada pela direita burguesa, fustigando “o governo
mensalão do PT”. E
agora que o PSTU procura organizar uma “frente clasista e socialista”
com o
PSOL e PCdoB, a LBI chama pela conformação de uma “Frente
Operária
Revolucionária” em lugar da “frente eleitoral com a social
democracia de
esquerda”. Evidentemente, tem aprendido bem as regras do jogo
morenista-altamirista do “frentismo” oportunista. Só cabe
perguntar, quem
conformaria esta frente “operária revolucionária”? A LBI
lança este chamado no
CONAT, o qual, longe de ser uma nova central sindical é um
condôminio do mesmo
PSTU e do PSOL. Como estes inveterados “social democratas de esquerda”,
mestres
do manobrismo constante, vão se converter em
revolucionários? A autêntica
política trotskista frente a esta situatção deve
ser, como Trotsky mesmo
esboçou na Alemanha, lutar por forjar um verdadeiro partido
operário
revolucionário e se unificar na ação em
uma poderosa luta de classe
contra a burguesía. Além de
seu programa formal,
estamos obrigados a constatar que a Liga Bolchevique
Internacionalista é uma
organização aventureira que em suas cambalhotas
frenéticas cruza a linha de
classe com ligeireza. Em 1996, a
diretoria eleita do
Sindicato de Funcionários Públicos do Município de
Volta Redonda (SFPMVR),
composto em sua maioria por camaradas militantes e simpatizantes de
Luta
Metalúrgica, organização precursora de Liga
Quarta-Internacionalista do Brasil,
emprenderam uma luta por separar guardas municipais do sindicato, por
ser parte
da polícia, o “punho armado da burguesía”. A LBI
interveio em forma ruinosa
naquela luta fundamental, apoiando o principal elemento
partidário dos
policiais, um tal Artur Fernandes, aconselhando-lhe em como combater os
trotskistas. Hoje a LBI
pretende criticar
as “greves” de policiais, mas quando pela primeira vez na
história da América
Latina, houve uma luta para afastar a polícia do SFPMVR, eles
apostaram nos
elementos pro-policiais. Como registramos em
nosso artigo, “A ‘frente única’ suja da LBI com
o estado burguês” (Vanguarda
Operária No. 1, julho-setembro de 1996), a LBI publicou em
seu jornal um
boletim de Fernandes, “Sobre a campanha: ‘Fora polícia do
sindicato dos
trabalhadores da P.M.V.R.”, onde ele afirma que “é a mais idiota
das campanhas
que o funcionalismo público municipal de Volta Redonda já
viu”. A LBI
aconselhou Fernandes por fax que devia nos
denunciar por “fazer campanhas de
caráter meramente superestruturais (campanha em defesa de gays e
lésbicas,
negros)”. Se referia, entre outras coisas, ao fato do que fomos
nós que levamos
para o Brasil a campanha internacional para salvar a vida de Mumia
Abu-Jamal, o
jornalista e ex-Pantera Negro sentenciado à morte nos EUA por
suas declarações
revolucionárias. Mumia havia escrito uma matéria especial
pelo jornal do SFPMVR
explicando que a polícia não é amiga mas inimiga
dos explorados e oprimidos. A LBI apoiou
os elementos
pró-policiais quando eles foram aos tribunais burgueses para destituir Geraldo
Ribeiro como presidente do SFPMVR precisamente
devido à campanha
por apartar a polícia do sindicato. E logo o mesmo Fernandes
apareceu como
membro da corrente sindical da LBI num congresso da CUT. Não
é somente em uma frenesí
contra os trotskistas que estes aventureiros podem cruzar a linha de
classe
para apoiar a burguesia. No caso de Venezuela, a LBI apoiou a “greve” dos
patrões, apoiada pelo imperialismo, contra o regime de Hugo
Chávez. Em uma
declaração datada do dia 16 de dezembro de 2002
caraterizou este locaute
como “uma greve operária com apoio de massas” e denuncia Chávez por “ameaça de estado de
sitio e
repressão militar contra os trabalhadores”, acusando os que
defendiam o governo
contra esta intentona contra-revolucionária de ser
“lúmpens”. Ao
contrário do que pretende a
LBI, a política trotskista foi de lutar por esmagar com todos os
meios a
pseudo-”greve” patronal, como pediu a Liga pela Quarta Internacional
(ver
“Venezula: pela oposição revolucionária à
intentona pró-imperialista”, Vanguarda
Operária No. 7, janeiro-fevereiro de 2003). Neste caso,
estes
zigzagueadores políticos atuaram como atrelados do imperialismo.
Em outras
ocasiões, sob o pretexto de um “antiimperialismo”
disfarçado, seguem uma
política antimarxista fazendo apologia de ataques
indiscriminados contra
trabalhadores estadonidenses, britânicos e espanhois, ao
contrário de uma
política proletaria de luta pela derrota do imperialismo e
seus lacayos, seja
nos países imperialistas ou no chamado “terceiro
mundo”, com faz a Liga pela
Quarta Internacional, no Iraqe, no Haití, no Brasil e dentro dos
EUA. Contra a
frente popular, lutar pelo partido operário revolucionário
A experiência de múltiplas
governos de frente popular mostram que estas coalizações
de colaborção de
classes passam por diferentes tempos. Se no começo estas gostam
das simpatías
das massas trabalhadores, após certo
tempo de experiência da esquerda no governo, fica evidente que
ela não vai
cumprir as expectativas das massas. Começa pelo regular um
período de lutas que
enfrentam os trabalhadores contra o governo que eles ajudaram a eleger.
Com
freqüencia os governos
frentepopulistas recorrem à violência para esmagar
essas lutas, como foi o
caso na Espanha nas Jornadas de maio de 1937 em Barcelona, e na
França no mesmo
ano quando a polícia da Frente Popular fusilou
grevistas na cidade de Clichy. No Chile de
Salvador Allende, o
governo da Unidad Popular confiscou armas das mãos dos
sindicatos e dos cordones industriales,
organismos que tinham a
possibilidade de se converter em verdadeiros conselhos
operários. Quando o
proletariado é
suficientemente desmoralizado, vem o momento quando a direita
derrouba o
governo “progressista”, freqüentemente por chacinas dos
trabalhadores. É por
isto que dizemos que as frentes populares abrem caminho à
vingança da direita e
se pagam com sangue operária. No caso da
frente popular
brasileira em torno ao PT, parece que Lula acelera os tempos e que ele
mesmo
quer jogar o papel do carrasco para fazer
o trabalho sujo da burguesia. A batalha da “reforma”
previdenciária quase de imediato e as chacinas já
estão ocorrendo, como
analizamos na matéria “O Brasil de Lula: terra de massacres”
(ver materia nesta edição). No entanto, para fazer
isto terá que fazer toda uma
operação de trocar a base de seu governo, substuindo os
trabalhadores com
setores da classe média e até burguesa. De fato, o Lula
está tentando
semelhante mudança , mas não será coisa
fácil. Pode perder a base trabalhadora
sem ganhar a pequena burguesa desejada . Em todo caso,
a expectativa de
vida das frentes populares é bem curta. Se avizinham grandes
lutas para
determinar o rumo do maior país da América
Latina, questão de grande alcance
internacional. Os imperialistas
que colocaram Lula no seu posto por ser
xerife no continente do sul seguramente farão sentir seu peso.
Querem que siga
reprimindo os trabalhadores e os pobres no Haiti e que exerça
influência sobre
Morales na Bolívia. Os
operários têm que organizar apontando a
formação de conselhos
de operários e camponeses. Este combate se desenvolverá não no terreno eleitoral, onde neste
momento
nenhuma candidatura que representa o interesse dos trabalhadores e uma
oposição
de classe à frente popular. Para dirigir a
luta precisa-se
de uma liderança revolucionária, que não pode ser
outra coisa senão um partido
operário forjado sobre a base do programa bolchevique de Lenin e
Trotsky.
Através de sua intervenção nas lutas da classes e o combate programático com
correntes de esquerda, a Liga
Quarta-Internacionalista busca aglutinar e formar quadros para
constituir
o
núcleo deste instrumento indispensável para a luta por um
governo operário e
camponês para iniciar a
revolução socialista
que terá que se estender internacionalmente até os
centros do imperialismo
mesmo. Como escreveu Trotsky em seu ensaio “A revolução
espanhola e as tarefas
dos comunistas” (janeiro de 1931), “Resolver adequadamente estas
tarefas exige
três condições: o partido, o partido e uma vez
mais, o partido.” n *retraduzido
do francês
E-mail: internationalistgroup@msn.com |