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No. 63, junho de 2011

A greve do Sepe contra o massacrador Cabral
depende da força da classe operária


O apoio ao motim dos bombeiros militares
da direção
do PSOL e PSTU conduz ao fracasso



Passeata convocada pelos bombeiros cariocas na orla de Copcabana, o dia 12 de junho, reuniu até
27 mil manifestantes, com notável presença de policiais militares e professores do Sepe.
(Foto: Marcelo Piu/O Globo)


Nenhuma “aliança” com a polícia de nenhum tipo,
são o braço armado do capital contra  os trabalhadores!


ABAIXO A FRENTE POPULAR MILITARIZADA!

Rio de Janeiro – O dia 7 de junho a assembléia do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação RJ deflagrou uma greve por tempo indeterminado contra o governo de Sérgio Cabral, que desde seu início se recusa a negociar com a categoria. Destaca-se as reivindicações de um reajuste emergencial de 26% nos salários e o descongelamento do plano de carreira dos funcionários administrativos da rede estadual. Porém, este governo estadual da “frente popular militarizada” do PT e PMDB, assim como o governo federal de Dilma, só responde aos interesses do grande capital. Então, frente à recusa de negociar do Palácio  Guanabara, a direção majoritária do Sepe, principalmente do PSOL e PSTU, decidiu se aliar com a “greve” dos bombeiros militares do RJ. Advertimos que esta política levaria ao fracasso.

Desde o dia 4 de junho de 2011, estourou um conflito ríspido no interior do aparato do estado burguês. Colocou em choque a fração burguesa que cuida da segurança pública e os responsáveis pela política no governo fluminense. Reivindicando melhoria nos soldos, cerca de dois mil bombeiros cariocas se amotinaram e tomaram o Quartel da corporação no centro do Rio de Janeiro. Imediatamente o governador Cabral classificou a sublevação dos uniformizados como “vandalismo” e convocou o Bope (Batalhão de Operações Especiais, tropa de elite da polícia militar fluminense) para reprimir o motim, como sempre faz contra trabalhadores, moradores das favelas, etc. Numa ação bonapartista típica dele, ordenou a prisão sumária dos amotinados, cerca de 439 deles foram presos no quartel da unidade da corporação no bairro Charitas no município de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.

Por sua parte, líderes dos amotinados, numa ação espetacular de marketing de propaganda começaram a contrapor a classificação de “vândalos” se dizendo “heróis”, aproveitando o sentimento entre a população que os considera salva-vidas. Escondem assim o fato primordial que o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, como os BMs de outros estados, é uma força auxiliar e reserva do Exército Brasileiro, comandado por generais e regido pela disciplina castrense. Ele forma parte do sistema de segurança pública junto com a Polícia Militar. Quer dizer, que BM e PM são parte da estrutura de repressão do estado capitalista. Alem disso, o movimento dos bombeiros, longe de pedir a desmilitarização do corpo, busca a equiparação de salários e condições com a policía militar. E Cabral aceita o princípio, ao subordinar os bombeiros a uma nova Secretaria de Defesa Civil.

Neste conflito a classe operária tem que se organizar em forma independente contra os dois bandos bonapartistas.

A liderança dos bombeiros militares são oficiais da corporação e tem ligação com partidos burgueses. São eles:

Capitão Alexandre Machado Marchesini, foi candidato a deputado estadual pelo PRB em 2010 e ficou como suplente
Capitão Lauro César Botto, foi candidato a deputado federal pelo PV, também ficou como suplente
Benevenuto Daciolo, foi candidato a vereador em 2008 (PRB) e em 2006, candidato a deputado estadual pelo PRDB.

Todos três são ligados a líderes evangélicos, os quais por sua vez têm pressionado o congresso, executivo e judiciário a tomarem posições homofóbicas e contra o aborto.

Golpe militar de 1964 militarizou os bombeiros

Para reforçar a repressão a Ditadura Militar, depois do golpe militar de 1964 militarizou os bombeiros, os quais desde então não raro têm atuado como braço auxiliar da repressão ao lado da PM, Guarda Municipal e Policiais Civis. Lembra-se a participação de bombeiros no atentado do Riocentro (1981). Inclusive hoje cerca de 20% dos efetivos das milícias seriam bombeiros, segundo dados da CPI das Milícias, dirigido pelo então deputado estadual pelo RJ, Marcelo Freixo (PSOL). Numa entrevista (“Esse capitão é FOGO”, Jornal do Brasil 10/3/2011), o capitão Botto disputa a cifra exata, mas confirma que “por ter treinamento militar, os bombeiros acabam sendo procurados pelos milicianos”.

Conscientes de que fazem parte da corporação militar-policial, ou do aparato de segurança pública, a raiz da revolta dos bombeiros se deu pelo fato de terem sido desviados para servirem na Secretaria de Saúde, principalmente nos momentos de surtos endêmicos como a dengue e outros como leptospirose esta última surgida pós-enchentes, doenças que junto a outras tem assolado o estado do Rio de Janeiro.

Os bombeiros lutam pelo status quo perdido, saudosismo de uma época quando tinham mais prestígio, o qual foi se perdendo com o findar da ditadura militar. Sustentam um desejo ardente de se equipararem em prestígio e soldo com seus colegas das tropas de elite do Bope e da Força Nacional. Para deixar bem marcado que não fazem parte da classe operária, os bombeiros deram um nome pomposo ao conjunto com os quais desejam estar unidos: Frente Unificada das Entidades de Classe da Segurança Pública, composta da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros; Associação dos Oficiais Bombeiros; Clube de Cabos e Soldados da PM; Associação de Cabos e Soldados Bombeiros; e com apoio do Sindicato de Policiais Civis do RJ.

PSOL e PSTU apoiam motim e marcham com bombeiros e policiais militares


Mais de 4 mil educadores da rede estadual de Rio de Janeiro votaram o 14 de junho em assembleia
do sindicato continuar sua greve ante a negativa do governo a atender suas reivindicações. Uma
forte maioria rejeitou a proposta dos dirigentes ligados ao PSOL e PSTU, de se juntar à manifestação
convocada pelos bombeiros no dia 16, preferindo fazer um ato separado do Sepe ao dia seguinte.

(Foto: Sepe)

Desde o início do motim dos bombeiros, PSOL e PSTU (falida Frente de Esquerda) convocaram funcionários da saúde e educação pedindo apoio aos bombeiros distribuindo notas tais como “Somos Todos Bombeiros”. Uma posição política que confunde, deliberadamente ou não, motim de forças militares com greve de trabalhadores. No domingo 12 de junho, o Sepe participou numa passeata na orla de Copacabana estimada em mais de 27.000 manifestantes. “Policiais militares e professores da rede pública também engrossaram o protesto” informa O Globo (13/6/2011). Ou seja, a direção do sindicato faz passeata junto com os mesmos PMs que espancaram brutalmente os professores em greve em diversas vezes, como por exemplo, em setembro de 2009. Naquele então a resposta do PSOL e PSTU foi dar flores aos repressores!

Como lideranças principais no Sepe-RJ e Sindsprev-RJ, estes quase nunca chamam greve unificada entre a saúde e educação, muito menos com o conjunto de potências operários tais como petroleiros, metalúrgicos e outros. No entanto foram ágeis ao chamar apoio ao motim de bombeiros. Todavia, estes em nenhum momento reivindicam a unidade com funcionários da saúde e educação. Sempre quiseram equiparação aos seus colegas da PM, particularmente depois que tropas de elite da polícia treinadas no Haiti ganharam destaques nacional e internacional (e maiores gratificações) ao invadirem morros e favelas cariocas matando negros e pobres.

A Frente de Esquerda do PSOL e PSTU ao se aliarem com a Frente Unificada das Entidades de Classe da Segurança Pública, mal consegue disfarçar que com sua política de colaboração de classes apenas reivindica uma FRENTE POPULAR MILITARIZADA, bis, substituta daquela que é liderada pelo PMDB-PT, cuja missão não tem sido mais que assassinar negros e pobres e não raro bater nos trabalhadores da educação e saúde, policiais algozes cujas vítimas suplicam unidade.


Para contatar a Liga Quarta-Internacionalista do Brasil: lqb1996@yahoo.com.br

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