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outubro de 2012 Enquanto
o governo de Dilma/Lula arrocha os
salários,
as prefeituras “limpam” moradores das favelas Servidores públicos
federais marcham em Brasília, o dia 18 de julho, na mayor
greve desde Lula entrou no Planalto em
2003, com mais de 400.000 grevistas. Mas
apesar de estar mais
de 100 dias na rua, os reajustes
não superavam a
inflação. (Foto: Roberto
Jayme/UOL)
Nenhum voto a nenhum
candidato das frentes populares, seja do
PT-PMDB-PCdoB, Abaixo os políticos, partidos e coalizões da burguesia! Por um partido operário revolucionário! A
cada dois anos, a burguesia monta seu circo para
iludir a população, e em
particular a classe operária,
através de seu aparato eleitoral. Depois
de meses de greves acérrimas, a
máquina de fabricar “opinião
pública” está desperdiçando
fabulosas somas para caçar votos. Ao
mesmo tempo em que segue jactando-se do suposto
“boom” que sustentou o governo Lula e agora o de
sua substituta Dilma, o Partido dos
Trabalhadores no poder insiste na “austeridade”.
Alega que “não há verba” para as
necessidades dos trabalhadores embora conceda
aos capitalistas mais de 2 bilhões de
reais em isenções dos impostos
sobre a produção industrial (IPI).
E enquanto as prefeituras de direita e da frente
popular PT-PMDB-PCdoB administram os
municípios em interesse do capital, os
esquerdistas oportunistas do PSOL e do PSTU
oferecem mini frentes populares pela porta dos
fundos, apoiados por forças burguesas
como o PSDB (Rio de Janeiro) e o PV
(Belém). No
contexto da crise capitalista mundial que
já em seu quarto ano segue sacudindo o
mundo, o PT e o governo da presidenta Dilma
Rousseff cumprem devidamente as ordens do grande
capital. Logo das greves e a
mobilização do magistério
que se alastraram ao redor do país em
2011, que quase chegaram a uma greve geral do
setor, neste ano o pessoal das universidades e
grande parte do funcionalismo lançaram a
maior greve desde a chegada de Lula no
Palácio do Planalto em 2003, envolvendo
uns 400.000 servidores na “Greve dos cem dias” (O Globo,
25 de agosto). Nas grandes cidades e capitais
dos estados houve protestos que pulularam nas
ruas. Em Brasília nos dias 18 e 19 de
julho cerca de 20.000 grevistas se enfrentaram
com a polícia militar e pessoal do
exército frente ao Ministério de
Planejamento. Pelo menos 28 categorias estiveram
em greve. Logo, em setembro, houve greves
nacionais dos trabalhadores bancários
(que paralisou até 7.300 agências)
e dos correios. Porém, devido à
intransigência dos patrões e a
sabotagem da burocracia sindical, os resultados
de reajustes em todos
os casos apenas cobre a inflação,
que oficialmente atinge 5,2% anual, mas em
relação às necessidades
básicas é muito mais. Após
desta onda de greves, e em meio das campanhas
pelas eleições municipais, o
julgamento dos principais casos do
escândalo do “mensalão” ocupa as
manchetes dos jornais e os noticiários
televisivos. Este circo diverte a
atenção dos votantes por
questões políticas (onde em
verdade não há diferenças
notáveis entre as propostas da “esquerda”
e da direita da gama parlamentar) ao show
burlesco de políticos traficando com
malas cheias de dólares. Mesmo que
estão sendo atingidos alguns dos
“mentores”, como José Dirceu (ex-chefe da
Cassa Civil de Lula) e o ex-presidente do PT
José Genoino e não somente os
“pequenos peixes”, o tema tem sido tratado como
sendo questão de corrupção
pessoal numa peça de teatro de
moralidade. Assim esconde que o sistema de
pagamentos mensais em troca de votos no
Congresso foi o instrumento que utilizou o PT
para fazer passar suas iniciativas (como a
“reforma” da previdência) com o apoio de
políticos “de aluguel”. Trata-se da
colaboração de classes financeira,
que acompanhava a extensão da
coalizão de frente popular de Lula a um
“frentão popular” que abrangeu na base
aliada até figuras nefastas da ditadura
como Antônio Carlos Magalhães e
Paulo Maluf. No
entanto, o espetáculo dos juízes
togados condenando a cúpula petista do
primeiro mandato de Lula por
“corrupção” quando a compra de
votos é prática comum nos
Congressos desde a fundação da
república indica que trata-se de um
processo político de ajuste de contas
dentro da classe dominante. Dirceu e Genoino
foram sacrificados para salvar Lula e Dilma. O
fato de que não ofereceram nenhuma prova
material da culpabilidade, e que foram
condenados por um “crime” tão vago como
“formação de quadrilha”,
representa um precedente perigoso para o futuro.
(É indicativo que quatro dos dez
ministros do STF se pronunciaram pela
absolvição de todos os
réus.) Acontecendo no meio de uma
acirrada disputa eleitoral, o julgamento do
“mensalão” é uma vingança
da burguesia tradicional, aquela que sustentou a
ditadura militar durante duas décadas,
contra os arrivistas do PT, que pintam como uma
“quadrilha” de criminosos. Querem limitar a
popularidade da frente popular ante o eleitorado
brasileiro, e assim preparar uma volta de regime
“forte” em nome da “governabilidade” caso
aumente a crise. Se
os romanos governavam ao divertir a plebe com a
fórmula “circo com pão”, a
versão brasileira tem muito circo e bem
pouco pão para os trabalhadores. Quanto
aos circos, além da telenovela
parlamentar do mensalão a
atenção popular é enfocada
na preparação para a Copa do Mundo
de futebol em 2014 e as Olimpíadas em
2016 (ver nosso artigo “Brasil se prepara para
as Olimpíadas da
militarização reprimindo os
trabalhadores,” Vanguarda
Operária suplemento, 05/12). Por
conceito de pão, os diversos programas
assistencialistas (Bolsa Família, Bolsa
Escola, etc.) limitam-se às camadas mais
depauperadas, enquanto o governo Lula-Dilma
pretende que todos que tem renda mensal desde um
miserável R$291 até R$1,019 se
enquadram a uma “nova classe média
emergente”, ou “classe C”. A burguesia tenta
vender esta ilusão mediante propaganda
massiva como a novela popular “Avenida Brasil”
da TV Globo. Mas nem sequer uma mulher
saída do lixão como Carminha, ou uma
Cinderela como numa outra novela do
gênero, pode viver uma vida de nova rica
como com um salário de mil reais ao
mês. Este
engano se torna ainda mais absurdo em vista de
que, conforme analisou o Diesse (Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos) com base na
estipulação constitucional e o
custo atual da cesta básica, o
salário mínimo do trabalhador
brasileiro no mês de setembro de 2012
deveria ser R$2.616 (Negócios,
05/10/12). Isto é mais de
quatro vezes do que o piso atual no
país de R$622. Em oposição
a este salário miserável que
implica condições de vida
sub-humanas, o Comitê de Luta Classista em
seu programa reivindica: “Contra
os salários de fome. Um grande aumento de
salário, especialmente para os
níveis que são mal pagos.
Reposição integral de todas as
perdas salariais. Salário vital com
aumento para compensar todo aumento da
inflação (escala móvel de
salários). Salário igual por
trabalho igual. Comitês de
operários e famílias
operárias contra os preços altos.
Organizar uma grande luta classista do movimento
operário, dos negros, das mulheres e
juventude contra o salário mínimo
de fome. Este salário miserável
(que recebe a colaboração do PT e
da direção reformista da CUT) tem
sido o ‘segredo’ do capitalismo brasileiro
racista”. As
eleições municipais mesmas foram
focalizadas em competição de
personalidades, e por trás desta as
intrigas dos principais partidos (PT, PMDB,
PSDB) por melhorar suas posições
relativas no cenário político
estadual e nacional. É possível
que José Serra do PSDB não
ganhasse a prefeitura de São Paulo?
Será que Celso Russomano do Partido
Republicano (paravento político da Igreja
Universal do Reino de Deus, aliado de Lula desde
que José Alencar foi eleito
vice-presidente na chapa do PT) recebeu apoio
secreto do Planalto para dar um nocaute ao
domínio tucano paulista? A esmagadora
vitória do playboy Eduardo Paes do PMDB
no primeiro turno de votação para
prefeito do Rio de Janeiro fortaleceria a frente
popular PT-PMDB em Brasília? Contudo, no
fundo todos os partidos burgueses e o governo
frente-populista de Dilma concordam num programa
de intensificar as privatizações,
aumentar as subvenções às
grandes empresas, atacar conquistas dos
sindicatos e “limpar” as favelas por via militar
em nome da “segurança” e em interesse das
empreiteiras e dos grandes consórcios
urbanísticos. Eike Batista
com a presidente Dilma Rousseff. Exemplo
primordial disto foi o “pacote” de
concessões à “iniciativa privada”
para a construção,
operação e, naturalmente,
exploração de rodovias e ferrovias
anunciado pelo governo federal em agosto. Os
R$130 bilhões de investimentos privados
que buscam estimular serão sem risco, com
rendimento garantido ao redor de 6%, e a verba
originaria em grande parte do Tesouro Nacional,
por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento.
Mesmo que Dilma insiste que só trata-se
de uma “parceria com o setor privado”, os
empresários e o mesmo PSDB cumprimentaram
a presidente por sua adesão tardia ao
programa de privatizações. A Folha de S.
Paulo (16/08/12) informa que o programa
ambicioso foi concebido pela equipe presidencial
“para quebrar um paradigma dentro do partido e
neutralizar futuras resistências dentro do
PT”. E o homen mais rico do Brasil, Eike
Batista, elogiou a medida como um “kit da
felicidade”. Dilma parece querer explicitar que
o risonho lema de Lula
lá, “sem medo de ser feliz”,
refere-se aos capitalistas, que tem lucrado
enormemente com a gestão petista dos
negócios coletivos da burguesia. No
plano urbanístico, está em curso
uma mudança maior da geografia
habitacional das megacidades. Quer dizer, uma
“limpeza étnica” dos negros e pobres. Em
São Paulo está sendo realizada com
uma série de grandes incêndios nas
favelas, “de origem misteriosa”. O resultado
é a expulsão de milhares de
moradores e a abertura de espaços para
empreendimentos imobiliários. A Rede
Brasil Atual (28/09/12) elaborou um mapa que
mostra a curiosa “coincidência” que estes
incêndios (68 neste ano, 181 em 2011)
estão concentrados nos perímetros
de áreas designadas para
“operações urbanas” de
“saneamento” e remoção de favelas;
que a grande maioria ocorrem em zonas centrais,
mais valorizadas, e não nas favelas muito
maiores da periferia; e que muitos destes
incêndios acontecem nas zonas à
beira de linhas de ferrovia. Com todas as
indicações de origens criminosas,
foi conformada uma CPI dos incêndios em
favelas paulistanas, mas a comissão
é composta inteiramente de aliados do
atual prefeito Gilberto Kassab (PSDB) e todos
têm recebido financiamento de empresas
ligadas à construção civil
e ao setor imobiliário (Carta
Maior, 27/09/12). E
agora a “bancada da bala” na Câmara dos
Vereadores de São Paulo resulta
fortalecida com o ingresso do ex-chefe do
assassino 1° Batalhão de
Polícia de Choque – ROTA, o
ex-tenente-coronel Paulo Telhada, que se orgulha
de ter assassinado 36 pessoas (“bandidos”) em
sua carreira na PM, e o ex-capitão
Roberval Conte Lopes, que tem 41 mortes
comprovadas em seu currículo. Telhada
acusou os estudantes da Universidade de
São Paulo nos protestos do ano passado de
serem “baderneiros”, e ameaçou de morte o
jornalista André Caramante, por ter
escrito na Folha de S.
Paulo revelando os crimes da Rota. “Quem
defende bandido, é bandido também.
Bala nesses safados”, escreveu o novo vereador
paulistano. O novo comandante da ROTA, o
tenente-coronel Modesto Madia, é um dos
acusados (nunca julgados) da matança de
111 presos na prisão de Carandiru
há 20 anos, no dia 2 de outubro de 1992.
Porém, quanto a repressão, se
ganha Serra (PSDB) ou Haddad (PT) no segundo
turno das eleições não
haverá diferença, os dois juram
colocar mais policiais na rua. Operação de “pacificação”: a ocupação da favela carioca Manguinhos com blindados, 14 de outubro. (Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo) Em
contraste com a iniciativa privada dos
incêndios paulistanos em interesse da
especulação imobiliária, a
burguesia carioca recorre a medidas diretamente
militares para tentar reconquistar algumas das
mais de 600 favelas nos morros que dominam o
horizonte do Rio de Janeiro. De não poder
exibir uma mitológica “cidade
maravilhosa” como palco para os jogos mundiais
que se aproximam, pelo menos querem criar um
corredor “pacificado”. Para isto utilizam as
técnicas de contra-insurgência que
os militares brasileiros tem praticado em sua
ocupação no Haiti como
mercenários do imperialismo
norte-americano. Depois das grandes
ocupações do Complexo do
Alemão (novembro de 2010) e Rocinha
(novembro de 2011), a mais recente das
operações foi a invasão de
Manguinhos e Jacarezinho para “libertar” a
Avenida Brasil. Com a mentalidade de um general
israelense submetendo a população
palestina, o secretário de
“segurança pública” do Rio,
José Beltrame, disse que “não
teremos mais uma ‘Faixa de Gaza’” (O Globo,
15/10/12). Eis
aqui o desolador panorama social de quase uma
década de governo frente-populista do
social-democrata Partido dos Trabalhadores e sua
“base aliada” dos partidos abertamente
burgueses. O Brasil de Lula e Dilma segue sendo
um paraíso para os capitalistas e inferno
para os trabalhadores maus pagos que somente nas
telenovelas podem aspirar a uma vida decente. Desde
a época da I Internacional, o norte da
política marxista é a
independência do proletariado de todos
os políticos, partidos e
alianças burguesas. O PT chegou ao
poder à cabeça de uma frente
popular que encadeia o movimento a uma
coalizão com setores capitalistas. Da
“reforma” da previdência facilitada pelo
“mensalão” até a
ocupação do Haiti e das favelas
cariocas pelos militares, este governo
burguês de colaboração de
classes é inimigo dos trabalhadores. A
Liga Quarta-Internacionalista do Brasil foi a
única em recusar dar apoio
político à candidatura de Lula em
2002, enquanto quase toda a esquerda apoiou,
aberta ou disfarçadamente, o candidato
que prometeu a Bovespa e Wall Street que
não tocaria nos seus interesses. No
Brasil hoje, como no passado, dizemos bem alto
que nenhum
trabalhador deveria votar por nenhum
candidato de uma formação
política burguesa. E como
detalhamos mais adiante, tampouco há uma
alternativa de classe entre os vários
grupos de esquerda. Portanto chamamos nestas
eleições a votar
nulo e lutar por um autêntico
partido
operário revolucionário
que procure lograr um governo
operário-camponês que inicie a revolução
socialista
internacional. Partido
dos Trabalhadores, ou “Partido da Classe
Média” Precisa-se
de
uma contra-ofensiva de luta classista contra o
governo e toda a burguesia, mas não
é isto a resposta da esquerda
extra-parlamentar e as lideranças das
federações sindicais afins a ela
(CUT, CTB, CSP-Conlutas, Intersindical).
Reagindo à greve do funcionalismo, que no
mundo imaginário do PSTU deu como
resultado “uma vitória política
imensurável” (Opinião
Socialista, 5 de setembro), o ministro do
trabalho da presidente petista anunciou que o
governo estuda um projeto para regulamentar
(quer dizer, limitar) o direito de greve dos
servidores públicos. Já
antes, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP)
introduziu um projeto de lei (PLS 710/11) para
obrigar a 50% ou mais de toda categoria da
administração pública a
permanecer trabalhando durante qualquer
paralisação. Esta medida de
trabalho involuntário eliminaria de fato
o direito de greve para os servidores. Mas a
reação dos sindicalistas foi dizer
que “não há que ter celeridade”
(segundo um membro da secretaria da
CSP-Conlutas), e que “a
regulamentação da greve do
funcionalismo seja feita à luz da
regulamentação da
Convenção 151 da OIT”
(Organização Internacional do
Trabalho, da ONU). Entretanto, uma
oposição proletária rejeitaria
em cheio toda limitação do
direito de greve pelo estado capitalista. Ao
mesmo tempo Dilma Rousseff, em seu discurso do
Dia da Independência, apregoava uma
“reforma trabalhista” para aumentar a
“competitividade” do capitalismo brasileiro ao
“baixar custos de produção”, ou
seja, os salários. Seu governo “analisa”
uma medida que “flexibilizaria” as normas do
trabalho para permitir reduções
salariais temporais. O veículo seria a
introdução de “Acordos Coletivos
de Trabalho com Propósito
Específico” (ACE) que terão a
faculdade legal de passar por cima das
cláusulas da CLT (a
Consolidação das Leis do
Trabalho). Já em 1998, Fernando Henrique
Cardoso tentou a mesma jogada, com uma emenda
constitucional que teria permitido que
sindicatos e empresas negociassem acordos sobre
os direitos dos trabalhadores que ignoram a CLT.
FHC fracassou devido à
oposição sindical, mas o PT no
governo busca dar certo com o apoio da
burocracia sindical. No
projeto petista, que foi esboçado pela
equipe de Lula bem antes da
eleição de Dilma, os ACEs se
negociariam mediante comissões
paritárias entre sindicatos e a patronal
que além das reduções
“temporais” de salários poderiam fazer
acordos também sobre dias de
férias, redução da hora de
almoço o da licença-maternidade,
naturalmente com “compensações”.
Para facilitar a aprovação no
Congresso desta medida que atinge conquistas
sindicais fundamentais, conforme O Globo
(24/08/12), “o governo orientou a CUT a
convencer um grupo de líderes dos
partidos a assumir a paternidade da proposta.” O
presidente da Força Sindical, o deputado
Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) avalizou a
iniciativa. Marco Maia, o presidente petista da
Câmara diz que já foi negociado
como dirigentes do direitista PSDB e mesmo com o
ultradireitista DEM (Imprensa
Popular, 08/12). Se fosse aprovada, seria
um golpe duro ao sindicalismo. Não
afetaria isto o PT? O
Partido dos Trabalhadores desde sua chegada ao
Palácio do Planalto tem operado um
deslocamento de classe do PT rumo à
pequena-burguesia. Peça chave desta
operação seria esta “reforma
trabalhista”, supostamente introduzida pelos
dirigentes da Central Única dos
Trabalhadores, que em nome do “pluralismo
sindical” poderá levar a
destruição dos poderosos
sindicatos filiados à CUT. Esta é
a síntese da viragem ideológica do
lulismo que busca operar a mudança de
classe da base mesma do PT, um partido que como
o Partido Trabalhista inglês teve seu
crescimento baseado nos sindicatos. Desde os
anos 80 Lula preferia um partido no melhor das
hipóteses social-democrata. Ao
invés de construir um partido da classe
operária, queria apenas que os novos
sindicatos se convertessem numa corrente
sindical no interior do Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), partido
burguês permitido pela ditadura antecessor
do PMDB. Tanto foi assim que na época o
Lula chegou a pedir votos em FHC para senador. Um
dos sindicalistas braço direito de Lula
defensor dessa viragem tem sido Jair Meneguelli,
ex-presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo quem
chegou a ser presidente da CUT.
Implacável opositor da esquerda, se
opunha a definição da central como
socialista e em 1991 disse que, após
colocar para fora a ala direita da central,
“Neste IV CONCUT nos livramos da esquerda”. O
ex-sindicalista e ex-deputado pelo PT Meneguelli
comanda desde 2003 o Conselho Nacional do
Serviço Social da Indústria
(Sesi), entidade diretamente ligada ao mais alto
escalão do empresariado brasileiro. Neste
posto lançou o “Fórum do Sistema
S” (SESI), entidade tripartite dos sindicatos,
empresariado e governo, para gerenciar as nove
entidades que integram o Sesi. Meneguelli hoje
recebe um salário maior do que os
ministros do Supremo Tribunal Federal. É
um exemplo vivo da fusão entre a
burocracia sindical e o estado capitalista
prevista por Trotsky em seu ensaio incompleto,
“Os sindicatos na época da
decadência imperialista” (1940). Em Volta
Redonda, a “cidade do aço” com expressiva
presença operária, por exemplo,
esta viragem ideológica do PT foi
iniciada pela ex-deputada federal, a
médica Cida Diogo, Ernesto Braga e a
professora Maria das Dores Mota (a Dodora, hoje
no PSOL), os quais pediram
intervenção para o PT local
então dirigido por operários que
haviam estado à frente da
ocupação da Companhia
Siderúrgica Nacional em 1988, reprimida
pelas forças militares. Estes foram
expulsos do PT-VR por rejeitar a política
de colaboração de classes da
frente popular. A seguir implantaram a primeira
Frente Popular (PSB-PT) em Volta Redonda em
1992, dirigida pelo médico burguês,
Paulo César Baltazar. Os operários
expulsos do PT, com o apoio dos que hoje dirigem
o PSOL e o PSTU, foram ao Partido Causa
Operária, que recentemente se referia a
esta história (“Lutar por um partido
operário ou seguir a reboque da
burguesia?” 08/09/12). Porém a nota
não fala da seqüela, que os mesmos
dirigentes operários logo romperam com o
PCO quando este chamou a votar por Lula,
candidato da frente popular em 1994, e que agora
eles militam na Liga Quarta-Internacionalista. Nas
atuais eleições municipais, desde
os finais dos anos 90 vem sendo operada uma
febril troca de dirigentes operários por
elementos da chamada classe média (a
pequena burguesia) e ultimamente por elementos
simplesmente burgueses recém-filados no
topo do partido, como é o caso do
candidato a vice-prefeito (Carlos Roberto Paiva)
numa aliança PMDB-PT e os principais
candidatos a vereador. E no âmbito
nacional, o PMDB segue sendo o partido maior da
frente popular, com mais de mil prefeitos
eleitos enquanto o PT tem 625 (O Globo,
09/10/12).
O
maior trunfo de Lula e o lulismo para
implementar o deslocamento de classe do PT, foi
ter conseguido eleger Dilma Rousseff,
“ex-guerrilheira”, mas também
ex-brizolista do PDT que nada tem a ver com a
construção do PT. O fato de ser a
primeira mulher eleita como presidente do Brasil
é um acontecimento social de envergadura.
Porém, no plano político ela
representa a
continuidade do lulismo, corrente
que entre bolsas famílias e
empréstimos consignados pretende elevar
à classe media, milhões de pessoas
do povão. Estes, estranhos aos
sindicatos, formariam um poderoso bolsão de
sustentação popular e suporte do bonapartismo
lulista para esmagar “o sindicalismo
das origens” Agora
Lula e Dilma querem agilizar esta base eleitoral
a favor da Reforma Trabalhista e Sindical
tão almejada pela FIESP, a Bovespa e
FEBRABAN. A tarefa dos revolucionários
proletários é resistir esta
ofensiva burguesa da frente popular lutando por
defender as conquistas operárias do
passado como parte de um programa pela
revolução socialista do futuro. ■ Ver também: Voto
nulo nas eleições –
Intensifique a luta de classes! (outubro
de 2012) Para contatar a Liga Quarta-Internacionalista do Brasil: lqb1996@yahoo.com.br |