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dezembro de 2013

Nelson Mandela, 1918-2013

6 de DEZEMBRO de 2013 – A África do Sul neste fim de 2013, perde Nelson Mandela, um dos homens mais decisivos em sua vida nos últimos cem anos, quase um século, o tempo em que durou a vida dele atribulada., a qual angariou simpatia e adesões internacionais, dada a envergadura de sua luta. Mandela sofreu perseguições e torturas de toda ordem e somente um homem com a carcaça de um lutador de Box, como ele era, suportaria. Os planejadores e mantenedores do apartheid racista sul africano, buscaram ao redor do mundo, nas melhores escolas, seres humanos convertidos em monstros. Muitos nazistas e fascistas davam aulas de tortura contra ativistas negros (as) em particular.

No comando do Congresso Nacional Africano (ANC, por suas siglas no inglés), embora preso durante 27 anos nas masmorras do regime do apartheid, Nelson Mandela esteve à frente e foi o maior símbolo pessoal da resistência na luta contra o apartheid. Ajudou e idealizou os principais enfrentamentos e luta política contra os racistas. Assistiu praticamente o início, meio e fim do audacioso regime racista branco encravado em meio a uma multidão com 75% de negros, 12% de mestiços (coloured) e asiáticos contra uma camada privilegiada e opressora de 12% de brancos. Ao mesmo tempo, hoje Mandela é elogiado quase universalmente como símbolo da “reconciliação”, inclusive pelos capitalistas e imperialistas que apoiavam até o fim e lucravam com o sistema de escravidão do apartheid.

A quase secular resistência de Mandela com certeza, impediu que muitos desistissem da luta. Esta tenacidade, longevidade e a capacidade de resistir a luta em condições tão desiguais, se inspiraram em primeiro lugar na capacidade da população negra ter vivido, enfrentado e vencido a secular escravização de pessoas no continente africano e fora dele. Ali mesmo na África do Sul, os valentes zulus derrotaram as tropas coloniais inglesas. Os etíopes com arcos e flechas colocaram pra correr o fascismo italiano, expulsando-o de seu país, colocando Mussolini e seu aliado Hitler cabisbaixos.

Com certeza, o ANC e Mandela tiveram contatos com a literatura que narrava as façanhas heróicas de Zumbi dos Palmares no Brasil e Toussaint Louverture no Haiti, maiores expressões no “Novo Mundo”, na duríssima, lenta e cruel luta contra a escravização de seres humanos, quando esta retornou na América, um retrocesso histórico, pois a escravidão massiva já havia acabado a mais de cinco séculos com o fim do Império Romano. Palmares resistiu um século e os revolucionários haitianos escreveram seus nomes na história da humanidade ao derrotar o poderoso exército de Napoleão e outras potências escravistas da época. Tornou-se o único país no mundo onde houve uma revolução vitoriosa de escravizados.

Mandela teve riquíssimas fontes de inspiração e incentivo. O Partido Comunista sul africano com suporte da ex-União Soviética e Cuba, deram organicidade, apoio material e logístico nas lutas do ANC, apoio sem o qual talvez o apartheid tivesse sobrevivido. Contudo a história também registrará que Mandela, o Partido Comunista Sul Africano e o ANC, fizeram o possível e o quase impossível para manter a luta contra o racismo naquele país apenas no marco capitalista e na democracia burguesa. Como conseqüência a população negra e mestiça vive ainda na miséria, no sistema racista do neo-apartheid agora presidido pela frente popular burguesa do ANC, PC e a burocracia sindical que mantém a dominação econômica dos capitalistas brancos.

A política de Mandela liderou o afro-liberalismo dentro do Congresso Nacional Africano. A colaboração de classes da frente popular sul africana impediu a revolução socialista naquele país, a qual por vários momentos era plenamente possível de ser realizada. Êxito que se estenderia em todo o continente, livrando sua população de terríveis sofrimentos, conformando no continente uma federação de países socialistas.

Nelson Mandela provavelmente fará parte do panteão dos heróis africanos dado a dimensão internacional que alcançou a sua luta contra o odiado apartheid sul africano. Por outro lado, lançou na política estes símbolos que embora pareçam reluzentes, são uma casca vazia. São os casos dos ex-operários Lech Walesa (Polônia) e Lula, do indígena Evo Morales (Bolívia), do negro Barack Obama (EUA) e outros assemelhados, como as mulheres, Michelle Bachelet (Chile) e Dilma Roussef, os quais embora se enfeitam com as bandeiras mais sentidas dos oprimidos e explorados, suas políticas desprovidas de caráter revolucionário, não têm feito mais que alongar a vida do capitalismo.

As conseqüências da colaboração de classes da frente popular sul africana são terríveis. O pós-apartheid, deu lugar e preparou terreno para uma brutal opressão e exploração capitalista no país, agora dirigida por uma casta interétnica de brancos e negros ricos, ícones do “neoliberalismo” pós-URSS no continente, provando pela undécima vez que a FRENTE POPULAR É UM PERIGO PARA A CLASSE OPERÁRIA! Uma prova é o terrível massacre dos mineiros de Marikana no ano passado pela polícia do governo da frente popular. A LIBERTAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA SOMENTE SE DARÁ COM A REVOLUÇÃO SOCIALISTA. ■